Com a chegada de Deadpool à grande tela, um dos mais notórios recursos do cinema ganhou destaque nos últimos dias: A quebra da quarta parede. Vamos entender um pouco o que isso quer dizer.
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A maioria das técnicas cinematográficas nos imerge à uma história e nos faz esquecer que estamos assistindo a um filme. Mas quebrar a quarta parede faz o contrário, nos recordando que somos, na verdade, um membro da audiência observando o que está acontecendo na tela.
Para realmente entender o poder desta técnica, precisamos olhar para a sua criação no teatro. Uma definição seria: técnica dramática em uma obra de ficção onde os personagens demonstram ter consciência que eles são parte do mundo encenado. O recurso é antigo. Vem desde a Grécia Antiga e continuou através do tempo por Shakespeare e até o teatro pós-moderno. E especialmente em musicais. O termo tornou-se popular em 1800 e surgiu pela primeira vez após o uso de conjuntos de planos que formavam uma estrutura de três paredes, onde a quarta era a parede imaginária entre o público e os artistas no palco. Assim, sempre que um personagem reconhece a presença do público, a quarta parede é quebrada. Obviamente, a técnica não é exclusiva do cinema ou teatro, e pode ser muito bem utilizada em outros meios como videogames, quadrinhos, televisão e literatura.
Talvez o uso mais popular dessa técnica seja na comédia. O cinema norte-americano, principalmente o gênero non-sense, foi responsável por divertidos usos dessa técnica. Nas mãos do cineasta Mel Brooks, conhecido por suas sátiras como S.O.S. – Tem um louco solto no espaço (1987) e A louca louca história de Robin Hood (1993), o recurso é indiscutivelmente divertido. Outro ótimo exemplo é a comédia britânica Monty Python – Em Busca do Cálice Sagrado (1975).
A quarta parede também é usada como parte da narrativa. A personagem descobre que faz parte de uma ficção e a quebra para estabelecer um contato com a audiência. Isso ocorre em filmes como O Último Grande Herói e A Rosa Púrpura do Cairo, onde personagens saem dos filmes que habitam e espectadores adentram a película;
O Show de Truman, onde o personagem-título percebe que sua vida é uma espécie de reality show filmado em um gigantesco estúdio; no filme Mais Estranho que a Ficção, onde o personagem principal começa a ouvir a narração de sua própria vida; e o livro O Mundo de Sofia, onde os personagens de um livro sendo escrito percebem seu caráter ficcional e tentam descobrir como conseguir sua liberdade. Nesse caso, a ‘quarta parede’ que a personagem derruba permanece como parte da narrativa em si. E a parede entre a plateia real e a ficção permanece intacta. Histórias como essas não derrubam efetivamente a quarta parede – apenas se referem a esse recurso.
Conclusão
Como podemos ver, a técnica pode contribuir para a narrativa visual de um filme de muitas maneiras diferentes. Dependendo de como ela é apresentada. A quebra da quarta parede pode ser utilizada, por exemplo, para perturbar. Não há nada mais assustador do que se sentir seguro e afastado do vilão… E de repente ele olhar diretamente para você, como em Psicose…
Além de Deadpool e dos exemplos que citamos nesta matéria, você pode ver essa técnica sendo aplicada de forma excepcional na série House of Cards, disponível na Netflix.
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- Cinema & TV
- 24 de fevereiro de 2016