Cachorro perverso
Todo mundo tem suas manias. Eu tenho as minhas. Uma das mais esquisitas é a de não me empolgar com todo e qualquer lançamento de um game. Essa mania já me fez ser vítima de bullying por parte de meus amigos nerds , alguns até, colaboradores desse site. Não sou o tipo de cara que compra todo jogo que sai no lançamento. Vamos combinar que 2013 foi um ano recheado de bons lançamentos e não dava pra jogar tudo. Pensa só: começou com Tomb Raider, que colocou a musa nerd de volta às paradas de sucesso; depois veio o PvZ2, insuperável quando se trata de móbile; GTA V, uma obra de arte em cada pixel quadrado e o seu GO FUCK YOURSELF épico; The Last of Us, o canto do cisne da Naughty Dog na geração atual, que foi o que escolhi não jogar.
Vamos falar um pouco da Naughty Dog: ela foi a produtora responsável pelo desenvolvimento da série de jogos exclusivos mais amada (e odiada por alguns) do PS3: a trilogia Uncharted.
Naughty Dog
O primeiro Uncharted, lançado no final de 2007, foi o game que “inaugurou” o Playstation 3: Até então, o que tínhamos eram jogos com a qualidade do PS2 munidos de gráficos HD. Todo começo de geração é assim e arrisco-me a dizer que o mesmo ocorre agora com o PS4 e XOne. Ainda não chegou aquele JOGO que arrebentou as portas da nova geração. Pois bem, foi isso o que aconteceu com Uncharted. A recepção do game foi tão positiva que a crítica cravou que estávamos diante de um jogo nos níveis das produções de Hollywood.
A Naughty Dog se consolidou no mercado dos games com a trilogia Uncharted. Mas logo veio a pergunta: Aonde eles conseguiriam chegar no próximo jogo?
Hummm, granola!
Eu esperei oito meses pra descobrir. E confesso: Não deveria ter esperado tanto. O jogo em que Joel, um tiozão bad ass e Ellie, uma garota toda Ellen Page, percorrem cidades americanas num cenário pós-apocalíptico no melhor estilo Walking Dead é S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L (e muito melhor que a série, por sinal – haters gonna hate).
Vou tentar descrever a seguir de uma dos melhores momentos do game, e isto pra mim é uma das provas do quanto Last of Us está além de tudo o que foi lançado na atual geração:
“A escuridão predomina neste emaranhado de salas abandonadas, escombros e portas que não se abrem. Eu não sei exatamente o que tenho que fazer. A saída está trancada, o cartão magnético não funciona. Não existe como sair daqui. Antes fosse só isso. O problema é que as salas escuras e sujas estão tomadas por monstros – seres humanos infectados por uma doença incurável – zumbis. Alguns simplesmente correm como loucos e ainda é possível derrotá-los na porrada. Os que estão contaminados há mais tempo só caem com o estopim de alguma arma de fogo. Se pegarem você desprevenido, adiós. Ainda tem os que estão há décadas assim. Estes simplesmente não morrem nem f… Nas salas, nos corredores escuros, nos labirinto de entulho, eles estão lá e as vezes é impossível percebê-los a tempo. A sensação é de um terror constante. De medo. Medo de verdade”.
Eu sempre achei um exagero ver pessoas gritando de medo enquanto jogavam. Especialmente homens né. Pra mim isso sempre foi viadagem.
E não é que eu fui vitima dessa “viadagem”? De verdade, este foi o primeiro jogo que realmente me deixou tenso, com medo, assustado. E eu assustei. Assustei pra valer, com direito a gritos e tudo (hummm granola)!
A boa notícia pra quem ainda não jogou, ou pra quem quiser apreciar novamente esta obra-prima é que Last of Us não é só um jogo que dá sustos.
Ele é muito mais do que isso:
- História: A história é muito bem conduzida, cheia de surpresas, reviravoltas e pontas que se amarram ao longo do game de forma magistral. É impossível não querer saber aonde tudo aquilo vai dar depois dos primeiros dez minutos jogados. Em termos de roteiro, não me lembro de ter jogado até hoje algo que supere Last of Us.
- Gráficos e game play: Todo gamer sabe do que a Naughty Dog é capaz em termos de gráficos. Em termos de gameplay, porém, ainda não sabíamos que ele podiam tanto! Last of Us é tudo aquilo que Uncharted queria ser quando crescer. Não temos um Drake que atira igual o Rambo e sobe em tudo que é parede e galho seco, igual ao homem aranha. Não! Em Last of Us, os protagonistas são seres humanos, como eu e você. Dito isto, saiba que é preciso explorar o ambiente. A munição não é infinita – ao contrário, é bem limitada – e cada bala tem que valer a pena. E mais: quer melhorar a sua arma? Vai ter que achar as ferramentas pra, meu amigo! Quer melhorar a sua “vida”? Vai fazer o seu próprio kit de primeiros socorros. Last of us não é só andar e atirar.Aqui, você tem que procurar e se virar!
- Um toque de arte: O que diferencia o bom do ótimo são os pequenos e imperceptíveis detalhes. E Last of Us está cheio deles, seja na música, seja nas surpresas, seja nos choques de realidade da Ellie, que não conhecia muito do mundo exterior. Tem uma cena que ela vê… não, não vou estragar a surpresa. Só digo que é emocionante!
Cadê a Ellen Page?
Depois dessa rasgação de seda, é possível apontar algum defeito no jogo? Olha, não sei se isso é defeito ou é só um #albergafeelings (hashtag usada por meus amigos quando resolvo bancar o reclamão), mas dois motivos me fazem não dar nota dez pra Last of Us:
- Detesto jogos que empregam a política do online pass. Um jogo exclusivo como Last of Us, que vendeu milhões de cópias, não precisa de online pass. Considero esta política uma apelação mercadológica que pune o jogador que quer comprar uma cópia usada do game. Se querem acabar com o mercado de games usados, por que lançam o jogo em formato de mídia?
- Ellie não é Ellen Page. Cara, quase caí do sofá e derrubei toda a minha coca-cola e todo o meu doritos quando descobri. Tinha certeza absoluta que a atriz que emprestou os movimentos e voz a Ellie fosse Ellen Page. Gente, a Ellie é a Ellen Page (até no nome). O que deu na cabeça da produtora de contratar uma atriz e usar a imagem de outra? Particularmente, acho isso bastante controverso, especialmente pelo fato de que Ellen Page é a protagonista de Beyond: Two Souls.
Pitaco final: Last of us é um jogo perfeito. Se ainda não jogou, faça-o depressa. Se já jogou, nunca é demais jogar.
Nota: 9,5
Para ler a análise do DLC “Left Behind”, feita pelo homem motumbo Saulo Martins, clique aqui.
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- 1 de março de 2014