Pitacos #17: Os melhores jogos musicais

Fazer listas de “melhores” é algo complicado, uma vez que o gosto sempre vai influenciar a posição. Por outro lado, o fato de você poder escrever para um portal de tanto renome como o Playstorm me dá oportunidade de fazê-lo sem medo de ser feliz. O momento não podia ser melhor: foram anunciados novos games da séries Guitar Hero e Rock Band para a nova geração de consoles.

Um pouco da história dos jogos musicais

A história dos jogos musicais começou a pegar fogo pra valer quando a Harmonix lançou o primeiro Guitar Hero, em 2005 – inspirados diretamente na mecânica do jogo Guitarfreaks, que na época era sucesso no Japão. O começo não foi nada fácil. A ideia de se produzir um controle específico, em formato de guitarra e com aquele tamanho todo espantou os investidores.

A Harmonix, que já tinha dado algumas contribuições em jogos musicais no passado, resolveu investir na ideia e trabalhou, juntamente com a Redoctane (fabricante de tapetes para jogos de dança), no desenvolvimento do jogo. Várias configurações de guitarra foram testadas até que se chegasse ao modelo ideal que é o que conhecemos hoje.

O que era apenas uma ideia divertida, segundo as palavras de um desenvolvedor da Harmonix, acabou se tornando um gênero revolucionário que chacoalhou a indústria dos games e também a indústria musical.

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A brincadeira ficou séria

Com o lançamento de Guitar Hero II, em 2006, temos um primeiro vislumbre do que seria a revolução do gênero: músicas originais e conteúdo exclusivo (para a versão Xbox). Tudo isso ficou ainda mais explosivo com Guitar Hero III: Legends of Rock. Recheado de canções originais e contanto com personagens lendários (como o guitarrista Slash), o jogo foi sucesso estrondoso e abriu a porteira dos jogos no gênero na então nova geração.  O que marcou Guitar Hero III, entretanto, foi o fato de ter sido desenvolvido pela Nerversoft. Isso fez com que alguns entusiastas da franquia criticassem o game. Mas que raios é Neversoft? Calma, vou explicar!

O que aconteceu é que o velho e bom capitalismo entrou em cena: A Harmonix e a Redoctane, como eu disse acima, trabalharam juntas no desenvolvimento da série Guitar Hero. Como a coisa rendeu muitas verdinhas, logo surgiram ofertas de compra para as empresas. A Harmonix foi comprada pela MTV Games e a Redoctane pela Activision. A Activision jogou nas mãos da sua subsidiária, a Neversoft, o desenvolvimento dos demais jogos da série GH.

E a Harmonix, fez o que?

Sim, a Harmonix foi muito mais longe na brincadeira e utilizou todo o know how adquirido para brindar os gamers com uma nova franquia musical: Rock Band.

Rock Band não revolucionou apenas a forma de “jogar” música. Ele revolucionou também o mercado como um todo, ao criar uma rede robusta de compra de músicas pra jogar. Do dia pra noite, bandas passaram a vender música mais via Playstation do que via iTunes. A coisa tomou uma proporção tão incrível que algumas bandas passaram a lançar material em primeira mão para o jogo.

Com uma revolução desse tamanho, tivemos uns bons cinco anos em que o mercado de jogos musicais surfou em oceano azul. Veio o declínio – muito provavelmente por conta do excesso de lançamentos e faixas disponíveis – e veio também a boa notícia: A geração atual de videogames vai ser agraciada com novas versões de Guitar Hero e Rock Band.

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Os cinco melhores

Depois de muita ladainha, chegou a hora da polêmica. Vamos à lista dos cinco melhores!

 #5: Rockband 3

O jogo tem um set list excelente (muito melhor do que o do RB2, diga-se de passagem), é cheio de inovações como teclado e múltiplos microfones, tem um modo pró para jogar com instrumentos de verdade e ainda é compatível com tudo o que foi lançado para os outros Rock Band´s. Por que está em quinto lugar, então? Simples: as inovações chegaram tarde demais. O jogo marcou o negativamente por ser o representante máximo da saturação e declínio dos jogos musicais.

#4: Guitar Hero World Tour

Na minha humilde opinião, é o jogo que tem o set list mais divertido de toda a série Guitar Hero. Passou a incluir também a possibilidade de se jogar com diversos instrumentos, o que foi um avanço – ainda que tardio – para a franquia. A guitarra desenvolvida para o jogo é, certamente, a melhor de todas. Inovações como o baixo tocado somente com a direita ou a área de slide também agradam. Muitos consideram Guitar Hero 3 melhor do que o World Tour, mas eu não compartilho dessa opinião. Tenho o meu até hoje guardado.

#3: Rock Band 1

Set list primoroso, músicas fáceis e prazerosas de jogar e ainda por cima, inovador. Adjetivos não faltam para este que foi o primeiro jogo da franquia Rock Band. Jogo que abriu as portas para a revolução da indústria musical x indústria dos games. Palmas pra Harmonix.

#2: Guitar Hero: Metallica

O colega de Playstorm Jonathan deus-na-terra-carioca Miranda e a maioria de vocês vai torcer o nariz com o que vou falar, mas o fato é que eu odeio o Metallica com todas as minhas forças.

O Metallica morreu pra mim no dia em que resolveu comprar briga com o Napster e seus usuários. Talvez a galera na faixa dos 20 anos não consiga mensurar o que foi essa página negra da história nerd, mas quem é veiaco se recorda muito bem disso.

Se eu odeio a banda do álbum preto, por que raios coloquei o jogo como segundo melhor de todos os tempos? Simples: por que o jogo é bom à beça. Além disso, é o primeiro exemplar de um bom casamento decente entre um jogo musical e uma banda real e melhor. Quem tem o game pode importar as faixas para o seu Guitar Hero. A produção é impecável, as músicas são muito bem escolhidas dentro da carreira da banda e a experiência é fantástica. O clima é de fato o de se estar encima do palco tocando com os caras. Recomendadíssimo. Mas deixem meu Deezer em paz!

#1: Beatles Rock Band

Gosto de Beatles na mesma proporção que odeio o Metallica. Mas não é por isso (que é isso, imagina) que considero o jogo da banda de Liverpool o melhor jogo musical já feito. O fato é que Beatles Rock Band é um raro exemplar de que um jogo pode ir além e ser uma obra de arte. A abertura já vale a pena pelo desfile monumental de criatividade psicodélica que tanto se fez presente na obra da banda. A ambientação, que traz uma reconstituição de época e cenário da carreira dos Beatles é primorosa. Mas, o que realmente podemos chamar de obras de arte são as músicas do auge do quarteto, que aqui são retratadas em cenários multicoloridos, sessentistas e artísticos de forma muito, muito além do habitual para jogos do gênero.

Jogar músicas como Sgt. Peppers/With a little help from my friens, I am the Walrus e A Day in the life proporcionam verdadeiras experiências sensoriais, que representam um salto de qualidade tremendo em relação a qualquer outro jogo do tipo. Alguns chamam esse tipo de experiência de viagem, mas vamos deixar esse assunto pra lá.

Nem tudo é paz e amor, entretanto: As músicas do jogo não podem ser exportadas e não temos músicas de outros artistas no jogo – eu não acharia nada mal jogar músicas da carreira solo dos Beatles dentro do jogo, por exemplo – mas nada que arruíne a qualidade estupenda do game.

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Pitaco final

Até hoje desconheço um gênero que seja mais inclusivo do que jogos musicais. Um Rock Band da vida é o tipo de jogo que agrada criança, coroas e – pasme – até a sua namorada que não gosta de videogames. Todo mundo quer jogar!

Então aqui vai meu pitaco: O final de semana tão esperado em família miou? Choveu? O pneu furou? A salvação é pegar aquela bagunça plástica no quartinho, montar e jogar o seu Rock Band / Guitar Hero. Todo mundo gosta.

Detalhe importante: se forem jogar o Guitar Hero Metallica, podem me chamar que eu vou.

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