Martin Scorsese (O Lobo de Wall Street) é meu diretor de cinema preferido. A maneira com a qual ele consegue contar histórias é única, marca registrada. Quando ele resolve colocar uma boa trilha sonora pra animar então… é um estouro. Não existe como pensar nessa maneira tão acertada de contar histórias sem pensar em “Os Bons Companheiros”, o qual considero sua obra prima. A narrativa ágil, a boa interpretação de Ray Liotta e Robert De Niro, as músicas escolhidas com perfeição. Trata-se, em minha opinião, de um filme impecável. Não é o único, existem tantos outros.
Destaque para “Os Infiltrados” e seu começo surreal ao som de Gimme Shelter, “A última tentação de Cristo”, que aborda o tema “pecado” de maneira única e que põe o expectador para refletir bastante sobre sua religiosidade e, por que não, as duas incursões de Scorsese na música: o show dos Stones, Shine a Light e o documentário sobre o Beatle George Harrison, Living in the Material World.
Depois dessa puxada de saco toda, não é de se espantar que corri para o cinema para conferir “O Lobo de Wall Street”, o novo filme do diretor. E, como nos ensinou Walter White que na dúvida, better call Saul, convidei nosso amigo Saulo, aqui do Playstorm, para que me acompanhasse.
O que vemos em “O Lobo de Wall Street” é um filme tipicamente Scorsese. As mesmas atuações excelentes, o mesmo timing narrativo para contar a história, a mesma excelente trilha sonora. Tudo o que fez de Scorsese um cineasta ímpar está lá. Destaco a atuação de Leonardo DiCaprio, que está soberba.
O filme consegue cativar a todo tempo, mesmo tendo longos 180 minutos. Claro que nem tudo são flores; falta ao filme um astro de maior peso para contrapor Leonardo Di Caprio. Embora ele atue de forma brilhante, o filme está todo nas costas dele e isso às vezes pode soar um exagero desnecessário. Mas nada que comprometa, fiquem tranquilos.
Vamos então ao que parece ser seu concorrente direto: Trapaça. Fui ao cinema com a maior das expectativas. Trapaça tem a favor de si um cast primoroso: Chris “Batman” Bale, Amy “Lois Lane” Adams, Jeniffer “Mística Jogos Vorazes” Lawrence e Bradley “Se beber não case” Cooper. Ah, também tem o…não, essa surpresa eu não vou estragar. Bem, assisti Trapaça e… não gostei muito. Vamos aos porquês:
• Eu sou Martin Scorsese: O diretor David. O. Russel imita demais Martin Scorsese. O estilo “narração em off”, as músicas descoladas, até mesmo o estilo de atuação imposto aos atores. O problema é que ele não é Martin Scorsese. Uma vez dito isto, o filme passa a impressão de ser uma tentativa infinita de ser o que não é e jamais vai ser: Um filme de Martin Scorsese, for God´s sake.
• Lugar de Lois Lane é com o Superman: O casal Batman e Lois não empolga, não parece de verdade, não convence. Não poderia ser diferente, afinal, deve ser complicado para o Morcegão furar o olho do seu amigo de olhos azuis. Brincadeiras a parte, o casal realmente não empolga.
Você não compra, em momento nenhum, a ideia de que aquilo é um casal apaixonado e isso acaba maculando um pouco a verossimilhança do filme. O personagem de Bradley Cooper pouco ou nada colabora para mudar essa realidade. Mas nesse caso, creio que a “culpa” seja do roteiro e não do ator.
• Ritmo irregular: Afinal de contas, começou ou não o filme. O primeiro ato é demasiadamente arrastado. O segundo ato dá ao filme ares de filme épico (principalmente pela surpresa que não estraguei). Mas vem o terceiro ato, e temos uma nova queda de ritmo. Uma pena, a história é bastante interessante, mas o ritmo com que é contada deixa a desejar.
Mas nem tudo são tragédias. O filme cresce quando a nossa querida Katniss Everdeen empunha o seu arco e flecha e dá o ar da graça. Sim, Jenifer Lawrence é um frescor para um filme um tanto quanto cheio de altos e baixos. Ela é a única que faz jus à sua indicação para o Oscar. A versatilidade da atriz é de encher os olhos… coitada da Lois, some quando a Mística aparece. Desta vez, ponto pra Marvel.
Pitacos finais, aí vamos nós
• O Lobo de Wall Street: Mais um filme para a coleção de obras de arte de Martin Scorsese. Leonardo di Caprio atua brilhantemente, a história é muito bem contada e a trilha sonora é, mais uma vez, impecável. Nota: 9,5
• Trapaça: Ritmo irregular, que se revezam entre alguns poucos momentos épicos e muitos momentos arrastados. O casal Batman e Lois não convence. Ponto para Jenifer Lawrence, que, com seu arco e flecha, mostra mais uma vez a que veio. Nota: 7,5
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- 24 de fevereiro de 2014