“Capítulo 1
DIÁRIO DE BORDO: SOL 6
Estou ferrado.
Essa é a minha opinião abalizada.
Ferrado.
Seis dias após o início daqueles que deveriam ser os dois meses mais importantes da minha vida, tudo se tornou um pesadelo.
Nem sei quem vai ler isto. Acho que alguém vai acabar encontrando.
Talvez daqui a cem anos.
Que fique registrado: não morri em Sol 6. O restante da tripulação certamente achou que eu tivesse morrido, e não posso culpá-los. Talvez decretem um dia de luto nacional em minha homenagem e minha página na Wikipédia vá dizer: “Mark Watney foi o único ser humano que morreu em Marte.”
E, provavelmente, isso estará correto. Porque, sem dúvida, vou morrer aqui. Só que não em Sol 6, como todo mundo está achando.
Vejamos… por onde começar?
O Programa Ares. A humanidade voltando-se para Marte com o intuito de mandar pessoas para outro planeta pela primeira vez e expandir o horizonte da raça humana, blá-blá-blá. Os tripulantes da Ares I fizeram o que tinham de fazer e voltaram como heróis. Foram recebidos com desfiles, conquistaram a fama e o amor do mundo inteiro.
A Ares 2 fez a mesma coisa, em outro local de Marte. Receberam um aperto de mão firme e uma xícara de café ao chegar em casa.
A Ares 3. Bem, essa foi minha missão. Certo, não exatamente minha. A comandante Lewis era a responsável. Eu era apenas um dos tripulantes. Só ficaria “no comando” da missão se fosse a última pessoa que restasse.
Quem diria?… Estou no comando.
Fico me perguntando se este diário será recuperado antes que o restante da tripulação morra de velhice. Imagino que tenham voltado à Terra sãos e salvos. Pessoal, se estiverem lendo isto: a culpa não foi sua. Vocês fizeram o que tinham de fazer. No seu lugar, eu teria feito a mesma coisa. Não os culpo e fico feliz que tenham sobrevivido.”
Há pouco tempo, buscava um livro de ficção científica e me deparei com Perdido em Marte. Mesmo com outras opções, ele chegou ao topo da minha lista pelo interesse por Mars One, aquela viagem em 2023 que pretende colonizar o Planeta Vermelho. Sim, gostaria de viajar para Marte.
Ao ler a sinopse, não poderia ter ficado mais curioso com o livro: Em Perdido em Marte, de Andy Weir, o astronauta Mark Watney se tornou a décima sétima pessoa a pisar em Marte. E, provavelmente, será a primeira a morrer no planeta vermelho. Depois de uma forte tempestade de areia, a missão Ares 3 é abortada e a tripulação vai embora, certa de que Mark morreu em um terrível acidente. Ao despertar, ele se vê completamente sozinho, ferido e sem ter como avisar às pessoas na Terra que está vivo. E, mesmo que conseguisse se comunicar, seus mantimentos terminariam anos antes da chegada de um possível resgate.
Ainda assim, Mark não está disposto a desistir. Munido de nada além de curiosidade e de suas habilidades de engenheiro e botânico – e um senso de humor inabalável –, ele embarca numa luta obstinada pela sobrevivência. Para isso, será o primeiro homem a plantar batatas em Marte e, usando uma genial mistura de cálculos e fita adesiva, vai elaborar um plano para entrar em contato com a Nasa e, quem sabe, sair vivo de lá.
Durante uma semana, não imaginava que me divertiria tanto com um livro que em grande parte da leitura mostraria um astronauta tentando lutar contra qualquer possibilidade de sobrevivência. Era como ver MacGyver (uma série dos anos 1980 em que um agente secreto não usava armas e resolvia seus problemas com materiais comuns) em Marte e com forte embasamento científico.
Divertido!
Watney é tão carismático que você não tem como não torcer por ele. Mesmo em alguns momentos onde ele precisa resolver um problema e começa a analisa-lo através fórmulas científicas, Mark sempre busca uma linguagem mais simples e divertida, muito por conta do diário de bordo que ele mantêm atualizado e espera que alguém veja (além de claro, ser o palhaço da missão – ele mesmo diz isso). Mesmo em momentos tensos, Watney consegue ver o lado bom das coisas e rir do seu próprio azar. Por exemplo, ele tenta levar o notebook para fora do módulo e ao se dar conta que pifou, ele diz: “Talvez eu poste um comentário de consumidor: ‘Levei o produto para a superfície de Marte. Parou de funcionar. Nota 0/10”.
Quando terminei a leitura, logo pensei: “Esse livro precisa chegar ao cinema”. E para minha surpresa, semana passada um trailer foi lançado!
Dirigido por Ridley Scott (Alien, Blade Runner, Gladiador), o filme conta com um elenco repleto de estrelas, como Jessica Chastain, Kristen Wiig, Kate Mara, Michael Pena, Jeff Daniels, Chiwetel Ejiofor e Donald Glover, além de Matt Damon como Mark Watney. A data de lançamento está prevista para o dia 26 de novembro de 2015.
Perdido em Marte é um excelente livro e não é a toa que é um best-seller. O autor conseguiu aliar muito bem drama e humor em um gênero de ficção científica, com uma leitura agradável e um personagem muito carismático. Indicadíssimo!
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- Livros & HQs
- 11 de junho de 2015