Pantera Negra

Confesso que sempre curti bastante o Pantera Negra. Sou um grande amante de felinos em geral e todo o visual do herói sempre me agradou, desde moleque. Quando adulto, fui pesquisar sobre o passado do personagem e curti mais ainda. Toda a mensagem de luta contra preconceitos e quebra de paradigmas (numa HQ do final dos anos 70!) faz com que T’Challa não seja só mais um. Logo, seu filme não poderia ser mais um filme de herói. E graças aos deuses (africanos), não foi.

“Após os eventos de Capitão América: Guerra Civil, T’Challa retorna para casa, na nação reclusa e tecnologicamente avançada de Wakanda, para servir como o novo líder. Entretanto, T’Challa logo descobre que seu trono é desafiado por facções dentro de seu próprio país. Quando dois inimigos conspiram para destruir Wakanda, o herói conhecido como Pantera Negra precisa se unir ao agente da CIA Everett K. Ross e membros do Dora Milaje, as forças especiais de Wakanda, para prevenir que o país seja levado a uma guerra mundial.”

Menos piadas, mais política

Desde que o filme foi anunciado, uma preocupação veio à minha cabeça. Os filmes da Marvel têm, em sua maioria, muitos alívios cômicos. Porém, isso não se encaixaria no Pantera. As histórias de T’Challa sempre foram recheadas de conflitos sérios e mensagens fortes. Mas, felizmente, minha preocupação acabou já no trailer, bem sério e coeso.

Pantera Negra

A escolha de direcionamento do filme se mostra correta em muitos pontos. Desde a forma como é tratada toda a analogia de preconceito e prejulgamentos até os conflitos internos de um povo que pode dominar o mundo se quiser. O diretor Ryan Coogler se mostra muito ciente de toda a carga que o filme traz, não só no quesito de representatividade negra como das mulheres, fortes pilares na sociedade de Wakanda.

Óbvio que, mesmo que em menor quantidade, os alívios cômicos estão lá. Shuri, a irmã mais nova de T’Challa, tem ótimas tiradas e um humor típico de uma jovem cientista. Algumas cenas me arrancaram risadas bem sinceras. Isso também se deve ao fato do filme não girar em torno disso, o que causa uma boa quebra de expectativa.

Atuações e elenco acima da média

Quando o cast foi anunciado, não tinha dúvida que teríamos o melhor filme no que tange atuação do MCU. Nomes como Lupita Nyongo’o, Danai Gurira e Forest Whitaker elevam o longa à um patamar acima do normal para filmes de heróis. A atuação de Chadwick Boseman é até surpreendente, acima do que eu esperava para ele. Mas sem dúvidas, Michael B. Jordan é o grande destaque. Revivendo a dobradinha com Ryan Coogler (trabalharam junto em “Creed”), Jordan traz vida um vilão visceral, forte e determinado. Mas em nenhum momento conseguimos sentir raiva dele. Suas motivações e objetivos caminham lado a lado com seu rival T’Challa. Mas os meios pelos quais eles transitam são completamente opostos.

Killmonger é um típico vilão de Stan Lee: Um clássico antagonista. A relação T’Challa x Killmonger me lembra muito Xavier x Magneto. Porém, no caso de Wakanda, com uma grande mensagem e ideologia por trás. Killmonger tem olhos de quem viu o mundo e T’Challa pensa nas tradições, mas não se nega a olhar o mundo em sua volta. O conflito é intenso e muito “crível”. É fácil comprar essa briga e, em certos pontos, difícil de escolher um lado. Palmas para o diretor.

Pantera Negra

Falando em tradições, Wakanda é belíssima no filme. Assim como nas HQs, extremamente colorida e tecnológica. Uma grande mistura de rituais, tribos e avanços trazidos pelo Vibranium. O peso do equilíbrio diário travado por quem assume o trono da nação africana fica bem palpável em alguns momentos. A representação das tribos não ficou caricata nem forçada, assim como a importância delas no roteiro.

Representatividade

Agora abro um pequeno espaço para falar de algo que era obrigatório o filme possuir. O personagem do Pantera Negra não é só mais um herói negro. Existem vários outros bem fortes e famosos (até mais que o príncipe de Wakanda). Mas toda a história do personagem gira em torno de analogias como luta a favor de minorias, preconceitos, manutenção de culturas africanas, dentre outros. Seria inadmissível que o filme não tratasse disso com o devido respeito que merece.

Pantera Negra

Outro ponto muito importante é a força das mulheres de Wakanda. Temos sim, várias heroínas mulheres que representam muito bem o gênero, mas em Wakanda as mulheres são protagonistas.

Desde a liderança de tribos, passando pela liderança científica e militar até a Rainha. T’Challa é cercado de sábias e fortes mulheres, que são seu ponto de equilíbrio em muitos momentos, trazendo-o de volta ao eixo e ensinando o jovem rei a conduzir seu povo. Elas são protagonistas em suas famílias e na sociedade do país africano em geral. Agora imagina isso numa HQ da década de 70. Pois é.

Eu sei que não tenho propriedade para falar se o filme representou bem tudo que expus acima, afinal sou homem e sou branco. Mas pelo relato de amigos, amigas e de minha namorada (que além de mulher, é negra), o filme atingiu em cheio esse ponto. E tudo isso sem deixar de trazer um bom roteiro, um ótimo entretenimento e um longa de qualidade. Trabalho fantástico.

O que achamos de Pantera Negra?

Pantera Negra é o filme que esperávamos. Forte, corajoso e muito coeso. As atuações se destacam em muitos momentos, os elementos e motivações elevam o filme a um patamar bem alto. A direção acertou a mão em pesar nos diálogos mas sem deixar o filme político demais. Certamente um dos melhores filmes da Marvel, que será falado por muito tempo.

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