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Chegou a minha vez de escrever sobre algum álbum que tive menos contato e ouso dizer que não gosto muito. Minha escolha foi Nevermind do Nirvana, aclamado como o álbum que mudou a história do rock mundial.
Sim, você leu o título do artigo e pensou “Caramba, Nevermind é do c*****o!” e agora está pensando “Como assim? Como você não gosta muito do álbum? Saulo, seu babaca.”
Mas vamos aos fatos. Apesar do lançamento ter sido em 1991, foi somente três anos depois que eu tive contato com o álbum (eu era bem novo, 8 para 9 anos, e meu gosto musical possivelmente não era lá grande coisa). Então no mesmo ano da morte do vocalista com aparência totalmente desleixada, Kurt Cobain, passei em uma loja de CDs com dinheiro para somente um. Olhei alguns CDs como Elvis Presley, Michael Jackson, Van Halen. Mas me deparei com um CD de um menino nadando pelado em uma piscina atrás de uma nota de um dólar e pensei “original, acho que vale a pena arriscar”.
Chegando em casa eu coloquei o CD no aparelho e dei play. A partir dali eu ouvi 12 faixas com aquela sonoridade suja, perturbadora, barulhenta e angustiante e pensei “joguei meu dinheiro fora”. Passei longe de gostar do som e inclusive tenho quase certeza que joguei o CD fora.
O tempo passou, eu ouvi algumas vezes o álbum, mas nunca entrou no meu setlist diário. Então passei a semana ouvindo o álbum e lendo sobre a banda, o álbum e também sobre o estilo musical para escrever este artigo. Com as informações em mãos, o som de Nevermind fez um pouco de sentido para mim. E ainda não é suficiente para gostar da banda. Mas desde sempre eu entendo o poder desse álbum para a história da música.
Um pouco de Grunge
Para entender um pouco do álbum, precisamos entender o estilo musical. O Grunge é um subgênero do Rock Alternativo. Surgiu no final da década de 1980, no estado de Washington, mas principalmente em Seattle (tanto que o estilo também é denominado Seattle Sound ou Som de Seattle). As letras eram um grito de revolução jovem. Doses de angústia e sarcasmo, passando por temas como alienação social, apatia, confinamento e desejo de liberdade. E geralmente caracterizado por um som de guitarra que usa um alto nível de distorção, fundindo elementos do hardcore punk e do heavy metal, apesar de algumas bandas realizarem com mais ênfase um ou outro. A música compartilha com o punk, um som cru e interesses líricos semelhantes. No entanto, também envolve andamentos muito mais lentos, harmonias dissonantes e instrumentação mais complexa.
O Grunge se tornou comercialmente bem sucedido com o lançamento de Nevermind, do Nirvana e Ten, do Pearl Jam. O sucesso impulsionou o estilo a forma mais popular de Rock da época. Mas isso fez muitas bandas grunge ficarem desconfortáveis com a popularidade. Apesar da maioria das bandas praticamente terem desaparecido ao final da década de 1990, o estilo ainda influencia (e muito) o rock atual.
Trio desleixado e seu som sujo
Nirvana foi uma banda americana de rock alternativo formada pelo vocalista e guitarrista Kurt Cobain e pelo baixista Krist Novoselic em 1987 e estourou em meio ao movimento Grunge de Seattle no início dos anos 90. Vários bateristas passaram pelo Nirvana, sendo o que mais tempo ficou na banda foi Dave Grohl, que entrou em 1990.
No final da década de 1980, o Nirvana se estabeleceu como parte da cena grunge de Seattle. Lançou seu primeiro álbum, Bleach, pela gravadora independente Sub Pop em 1989. Depois de assinar com a gravadora DGC Records, o grupo encontrou o sucesso inesperado com “Smells Like Teen Spirit”, o primeiro single do segundo álbum da banda, Nevermind. O sucesso repentino da banda amplamente popularizou o rock alternativo como um todo. E como o vocalista da banda, Cobain se encontrou referido na mídia como o “porta-voz de uma geração”. O Nirvana foi considerado a “principal banda” da Geração X (uma geração após o Baby Boom – os nascidos após a Segunda Guerra Mundial, com um futuro incerto – em busca por seus direitos, a liberação sexual, bem como a valorização do sexo oposto, entretanto com menor respeito à família).
O grande sucesso do álbum e do compacto do Nirvana abriu as portas para outras bandas de Seattle – aconteceu uma verdadeira corrida das grandes gravadoras para contratar os grupos de rock grunge, resultando numa onda renovadora, alterando os rumos do velho rock. Não é por acaso que alguns dos mais famosos álbuns dos anos 90 tiveram origem em Seattle. Como Ten e Vs. do Pearl Jam, Dirt e Facelift do Alice In Chains, Superunknown e Badmotorfinger do Soundgarden, além dos discos do próprio Nirvana.
A breve duração do Nirvana terminou após o suicídio de Cobain em 1994.
O Nirvana serviu para alguma coisa
O melhor do Nirvana sempre foi e sempre será Dave Grohl. Ponto. O ex-baterista hoje demonstra como o seu talento musical já era anos-luz a frente do restante da banda. Enquanto Cobain era um exemplo de depressão e falta de talento musical e Novoselic de tédio, Grohl era o que valia a pena.
Hoje, no Foo Fighters, consegue aliar um rock de primeira (você já deve ter ouvido The Pretenders) com muita energia e bom humor, como em Everlong, Learn to Fly e Walk. Grohl ainda tocou com grandes nomes da música, sendo em shows ou participações em programas, como Lemmy (Motörhead), Max Cavalera (Sepultura, Soulfly), Cronos (Venom) e Paul McCartney (a lista é enorme). E sempre dá um jeito de aparecer em projeto de seus amigos como no clipe de Tribute, da banda do Jack Black e Kyle Gass, Tenacious D.
O Nirvana tem seus momentos e sua importância. Mas sou grato exatamente por alavancar Grohl e hoje termos um verdadeiro Rock. E com todo o respeito, é apenas a minha opinião.
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- Música
- 7 de abril de 2014