Os melhores discos de todos os tempos #7: Bob Dylan – Highway 61 Revisited      

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Não sei quase nada sob Bob Dylan, sua carreira e seus grandes feitos. Conheço uma ou outra música do astro americano de ascendência judaica, o que é muito pouco para fazer um juízo de valor ou um texto sobre a carreira do mesmo. Sei que ele apresentou a maconha aos Beatles e que tocou com George Harrison nos anos 70. De qualquer forma, isso me credencia (segundo a proposta da coluna) a escrever sobre Highway 61 Revisited, o seu álbum mais renomado.

O disco foi lançado em 30 de agosto de 1965 e foi o marco de uma mudança drástica na carreira de Dylan. Figura como quarto melhor disco na lista de “500 maiores discos de todos os tempos da Revista Rollingstone” e oitavo na lista de “200 álbuns definitivos do Rock and Roll of Fame”.

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Que raios é Highway 61?

Highway 61 é uma rodovia americana e que passa por várias cidades importantes quando o assunto é música: ela passa pela terra natal de Elvis, Muddy Waters, Charley Patton e Son House. É lá também que fica a famosa encruzilhada do filme “Crossrodas”, lugar onde  – segundo a lenda – o bluesman Robert Johnson teria vendido sua alma ao capiroto.

Berço de lendas e palco de gravações históricas, a estrada inspirou Dylan a fazer um disco diferente: ele meio que largou de mão o Folk que o consagrou e resolveu por uma guitarra elétrica aqui e ali, inspirado no sucesso meteórico e retumbante de bandas como Beatles e Rolling Stones.

O curioso é que o disco veio depois que Dylan quase largou a carreira. Depois de voltar de uma turnê extremamente desgastante pela Inglaterra. Dylan curtiu um bode e escrever um amontoado de 20 páginas de versos (os quais ele descreveu como um verdadeiro vômito verborrágico). No meio daquele azedume ele colheu um verso aqui e ali e nasceu (com o auxílio de um fantasma, segundo ele) um de seus maiores clássicos: Like a Rolling Stone.

Highway 61 Revisited – Faixa a faixa

Like a Rolling Stone

Não existe muito que dizer sobre essa música. É o clássico dos clássicos. A voz rouca de Dylan está na melhor forma. O instrumental é muito bem escolhido, a forma meio “desleixada” com que ele interpreta a letra, a grande – e sarcástica pergunta – How does it feel; a música é perfeita.

Tombstone Blues

O andamento acelerado e a cara de country blues não me agradam. Considero a faixa mais fraca do disco, embora o solo de guitarra sinalize a ruptura de Dylan. Letra com temática de protesto, mas roupagem bem ruim pra isso.

It takes a Lot to Laugh, It Takes a train to Cry

Meu, o que é isso? Seria um outtake de Exile in Mainstreet, cantado por Keith? Nada! É uma excelente faixa do álbum. Com a cara e a herança de tudo o que é bom nos Estados Unidos. Piano em plena forma, vocais perfeitos, guitarra dando as caras de novo e – é claro – a gaita magistral de Dylan. A temática é a da frustração em geral. Embora a letra dê espaço para imaginar que a tal frustração fosse sexual.

From a Buick 6

O baixo aparece bastante na faixa – talvez algo ousado para a época ou uma resposta às linhas de baixo melódicas e fora do padrão dos Beatles e dos Meninos da Praia – não sei dizer. Uma faixa mais rock, com solos de guitarra mixados em volume baixo, sustentando a gaita, que dá as caras aqui, é mixada de modo a praticamente eclipsar o solo de guitarra (por quê?). Tem um pouco a cara do Rock da época, mas o andamento – em minha opinião – é um pouco mais lento do que deveria.

Ballad of a Thin Man

A música fala de um encontro de Dylan com um tal Mr. Jones. Nunca se soube ao certo a identidade do cidadão (um repórter da Rollingstone se autoidentificou como o tal Mr. Jones). Andamento lento, órgão em grande forma (humm granola) e guitarras audíveis, desta vez. Lennon cita o personagem em Yer Blues.

Queen Jane Approximately

Minha predileta (tirando a supermegamelhordetodas primeira música, que não conta). Aqui Dylan tá falando mal de uma mulher, que especula-se ser Joan Baez. É uma música mais pra cima, quase feliz. Ótimo solo de gaita (coisas do Dylan) no final.

Highway 61 Revisited

Faixa que dá nome ao disco, a estrada e tal. Várias histórias que teriam se passado (ou não – A parte da bíblia com certeza não foi lá, mas é uma referência ao judaísmo de Dylan). Pra cima, com um tipo de slide guitar e muito piano. Escolha instrumental duvidosa, tem algo que apita no começo e no final, que não tenho a menor ideia do que seja e que estraga um pouco a música.

Just like Tom Thumb´s Blues

Descreve as agruras de um camarada que se fode em Juarez – México – com resfriados, santos e umas moças de procedência duvidosa. Curiosamente, me lembrou Norwegian Wood (a mina convidou o cara pra entrar no quarto e talz). Norwegian Wood está no disco Rubber Soul, dos Beatles, de 65 e é claramente uma música inspirada na maneira Dylan de ser, contando uma história e tal. O que eu não sabia é que foi outra música de Dylan, Fourth time around, é que foi acusada de lembrar – ou ser uma resposta – à música dos Beatles. Vai saber.

Desolation Row

Dylan mandando cartões postais, só com violão, voz mais rouca e tal. Folk clássico, Dylan sendo Dylan e fechando o álbum com uma volta às origens (e lembra o Richards de novo).

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Pitaco final

Dylan foi acusado de “traidor do movimento” (o mimimi é uma invenção antiga hein?). Mas pariu um disco repleto de boas canções, que merece lugar de honra no acervo de todo aquele que ama o bom e velho Rock´n´Folk´Roll.

Se você é fã das bandas clássicas do Rock, ouça esse disco e descubra a fonte de onde todo esse povo bebeu um pouco. Dylan não tem seu nome na história a toa.

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