Já se passaram mais de dois anos desde a estréia de “Demolidor”, série que inaugurou a parceria da Netflix com a Marvel. E a segunda temporada desta tão aclamada série nos apresentou um personagem icônico: O Justiceiro. Já tinham sido lançados três filmes do ex-fuzileiro, pavorosos. Mas a caracterização dele na série do “homem sem medo” agradou tanto que o público clamou por uma série solo. As preces foram atendidas (e com louvor).
Sinopse
Esse núcleo de heróis da Marvel, chamado de “núcleo urbano”, tem como característica juntar personagens que tem algum trauma. Todos, sem exceção, sofreram algo que mudaram suas vidas. Frank Castle (Justiceiro) não seria diferente.
A série começa exatamente após os acontecimentos aos quais ele esta envolvido na segunda temporada de “Demolidor”. Ele tenta levar sua vida de forma normal (com identidade e nome novo), mas todas as noites o trauma do assassinato de sua família o atormenta. Sua moral, seus princípios…tudo martela em sua cabeça. Alguns fantasmas do seu passado ao qual ele se arrepende vêm a tona, fazendo com que ele busque a redenção, custe o que custar.
Herói?
A sinopse nos traz, à princípio, um roteiro simples. Ledo engano. A Netflix nos entrega um roteiro profundo, com pouquíssimos furos, plots fundamentados e bom ritmo. Sim, ritmo. Li muitos relatos de que a série tem capítulos que “enchem linguiça” e que não acontecem nada. Discordo veementemente. Obviamente que dentro de 13 capítulos, a série tende a ter alguns mais pautados no diálogo e até em tramas secundárias. Mas em nenhum momento isso é prejudicial, pelo contrário. A intenção é bem clara: Moldar o mundo à volta de Frank Castle. Nós espectadores só tínhamos a noção da motivação dele para tal caçada, mas existem muitas pessoas envolvidas nisso. E (de forma brilhante até) a série te introduz isso.
A abordagem do roteiro varia desde do estresse pós-traumático sofrido pelo protagonista até a corrupção nos órgãos de defesa dos EUA (e tudo que possa estar entre isso). Sempre de forma a contribuir para a trama, sem o intuito de levantar bandeira ou algo do tipo. E isso pra mim é um grande ponto. Nenhuma série ou filme tem a obrigação de conscientizar ou politizar quem assiste. É, antes de qualquer coisa, entretenimento. Abordar temas tão atuais e delicados, sabendo coloca-los à favor da trama é um grande mérito, na minha opinião. A chance de soar clichê é enorme e conseguir equilibrar é um baita acerto da produção. Cabe a quem assiste tomar partido desses assuntos, para um lado ou outro. Jogar essa responsabilidade para a industria do entretenimento é, no mínimo, um ato covarde.
Vale salientar também a nova origem feita para Billy Russo (Retalho). Como o grande vilão do Justiceiro nos quadrinhos, muitos puristas torceram o nariz para as mudanças, mas eu achei bem coerente. Vale lembrar que O Justiceiro não é uma série de origem, ela parte de uma trama já introduzida na segunda temporada de Demolidor. Então deve-se respeitar esse background já criado e partir disso. Decisão correta.
Resumo final
O Justiceiro é, sem sombra de dúvidas, o melhor produto da parceria Marvel/Netflix. A única de todas as séries que os 13 episódios se justificaram, mesmo que algumas críticas discordem. A trama segue sem tropeços, construindo um bom background para o público. Tudo serve para que, mesmo não se tratando de uma série de apresentação de personagem, você mergulhe no universo (e na mente) de Frank Castle. Até a violência extremamente brutal (muito criticada por alguns) eu achei sob medida. Pinta (com sangue) claramente o cenário caótico vivido pelos personagens. Recomendadíssima.
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- Cinema & TV, Críticas
- 4 de dezembro de 2017