Uma coisa é certa: Nunca tive vergonha de ser chamado de nerd. Apesar desse termo ter soado como “pejorativo” por muitos anos, eu sempre tive orgulho do que isso quer dizer e significa para mim. Nunca tive vergonha de levar minhas HQs para a escola, de “pirar” quando anunciaram, finalmente, um filme do Homem-Aranha (lá no começo da década de 2000) ou mesmo, anos depois, de passar em uma banca durante o intervalo para o almoço, comprar alguma HQ e ver o olhar de deboche dos meus colegas de trabalho. Afinal, essa é minha essência e sempre vai ser. E acho que cada um de nós, nerds, temos momentos marcantes, que definiram quem nós somos, não é?
O que antes (para quem tem 30, 40 anos) sofríamos no colégio por nossa afinidade à tecnologia, livros, filmes, histórias em quadrinhos, hoje temos à disposição um mercado rico dedicado a nós, que vão desde produtos até eventos. Aliás, como temos sorte de ter as coisas tão próximas!
Veja hoje a quantidade de pessoas que você conhece que não se intitulam nerds (ou geeks), mas que aguardam ansiosamente aquele filme de super-herói ou aquela série de sucesso (e pensar que uma série com referências aos anos 80, RPGs, Star Wars e afins, seria tão amada por um público “não-nerd”!).
Acredito que ser nerd é simplesmente estar ligado à diversos universos ricos em informações. É dar asas à imaginação. É viver histórias. Dar risada, se emocionar. É ser marcado para sempre.
Lembro quando era criança, que minha mãe leu para mim O Pequeno Príncipe. O narrador da história, um piloto de avião, sonhava em se tornar pintor. Certa vez, quando era criança, ele fez um desenho de uma jiboia que havia engolido um elefante. Quando perguntava o que os adultos viam em seu desenho, todos eles achavam que o garoto havia desenhado um chapéu. Ao corrigir as pessoas sobre seu desenho, recebia a resposta que precisava fazer algo mais sério e maduro. O narrador então lamenta a falta de criatividade demonstrada pelos adultos e, por consequência, deixa o desenho de lado e vira piloto. Eu só fui entender isso anos depois: O como nos limitamos por conta do preconceito dos outros, e normalmente, de pessoas muito próximas.
Um exemplo disso: Lembro até hoje que eu tinha um amigo na escola que, assim como eu, adorava desenhar. Descobri alguns anos depois que ele foi por um caminho completamente diferente. Mas era bem claro que os pais dele não davam o apoio necessário e ele acabou tendo seu potencial jogado fora.
E em casa era exatamente o contrário. Meus pais sempre compravam mais e mais materiais para eu ilustrar. Claro, vindo de uma família de músicos, era bem provável que eles me dariam todo apoio. Além disso, vários momentos como minha mãe ler HQs para mim (ao invés de alguma clássica história de ninar) ou mesmo quando meus pais passavam a noite jogando Atari comigo, fizeram a diferença. Isso foi importante pra mim.
Conclusão
A verdade é que vivemos em um mundo onde estereotipar é comum. Mas se o termo Nerd significa que eu posso viver livremente em diferentes histórias, mundos, personagens, respeitando a todos e sendo respeitado pelos meus gostos, então sim, eu tenho muito orgulho de ser Nerd.
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- 13 de julho de 2017