O ano de 1976 seria um ano como outro qualquer, não fosse o lançamento de um filme protagonizado por um ex-ator pornô de 30 anos, com roteiro escrito por ele mesmo, em meros três dias. Ele era ninguém menos que Silvester “Sly” Stallone, hoje um ícone dos filmes de ação mas que começou sua trajetória em Hollywood com um dos personagens mais marcantes e dramáticos da história do cinema. Não, não estou exagerando. Rocky Balboa. Sim, o personagem escrito por Stallone é e sempre será muita mais que um mero boxeador.
Toda a história de vida do Garanhão Italiano (apelido nitidamente satírico em relação à origem pornô de seu intérprete) faz com que nós espectadores paremos para pensar em nossas decisões, nossos sonhos e nossas conquistas. Pouquíssimos personagens têm esse poder de abalar emocionalmente quem assiste, não importando a idade. E fazer isso por quase 40 anos é ainda mais impressionante.
Quando assisti o primeiro Rocky (em VHS gravado diretamente da TV, pois nem sonhava em nascer na época que passou na grande tela), eu era um pequeno garoto de 9, 10 anos e já me encantei pelo filme. Obviamente, pelos motivos “errados”, pois gostava mesmo era da luta final contra Apollo Creed. Hoje em dia, com mais idade e menos cabelo, vejo que Rocky era muita coisa antes de ser um lutador, transformando a luta final num mero encerramento.
No começo, Rocky era um cabisbaixo e triste morador do subúrbio, honesto e de ótimo coração. Mas que se via obrigado a trabalhar para a máfia local para sobreviver. Devido às características já citadas, ele acabava não sendo um bom cobrador. Determinado, porém com pouca motivação, Rocky conheceu Adrian, vendedora de um pet shop que ele frequentava para comprar a ração de seu inseparável cão. Apaixonou-se e viu nela a motivação que precisava para alavancar sua vida. E desde então vem, filme após filme, sendo protagonista ou não, moldando o caráter de gerações.
A superação das perdas, a difícil aceitação do fim da carreira, o desespero por não conseguir mais subir no ringue e até o momentâneo e decisivo deslumbramento com a fama mostram que Rocky poderia ser qualquer um de nós. Ninguém está livre de passar pelo que ele passou. Mas ninguém precisa (e nem deve) abaixar a cabeça para nada.
Ele nos ensinou isso com uma frase que para mim, sem sombra de dúvidas, é a frase mais marcante do cinema do século 21: “Não se trata de quão forte você pode bater. Se trata do quanto você pode aguentar apanhar e seguir em frente. É assim que se consegue vencer”. O diálogo e toda a cena são espetaculares, de uma delicadeza e precisão fora do normal. Mas essa frase tão simples e tão verdadeira dita por um Stallone nitidamente emocionado, se misturando ao seu personagem (que tem muito de sua vida dentro dele) emociona e arrepia qualquer espectador.
Conclusão
Rocky sempre será muito mais que um boxeador. Era um lutador como eu, você e tantos outros. Batalhando para ser alguém não pros outros, mas para ele mesmo. Lutando, dia após dia, para se achar dentro de sua própria pele. E até no momento que passa o bastão para seu sucessor (em “Creed”). Rocky nos dá mais uma lição, mostrando que mesmo um homem vivido e já nos últimos momentos de sua vida tem opção de escolha. E ele escolheu mais uma vez ser genial.
Muito obrigado Rocky.
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- 7 de abril de 2016