Depois de 40 anos de carreira e 16 discos de estúdio, fica bem difícil impressionar fãs e critica. Querendo ou não, a banda acaba se acomodando na fórmula “que deu certo”. E segue lançando trabalhos sem alma, sem espírito. Porém, os veteraníssimos do Iron Maiden ignoraram essa regra e nos presentearam com um disco que tem alma até no nome.
Depois dos pouco aclamados “A Matter of Life and Death” e ”Final Frontier” (sendo o primeiro o meu preferido dentre os dois), muito se falava do próximo disco da Donzela de Ferro. Será que teríamos mais um álbum “preguiçoso”, sem uma referência às raízes da banda ou teríamos finalmente a volta do Maiden que conhecemos? E a resposta veio em formato de single.
Speed of Light foi lançada junto com um clipe em clara homenagem à evolução do mundo dos games, passando por várias capas clássicas da banda. “Tá, mas e a música?” Ora meu jovem, foi ai que tivemos a resposta. Speed of Light é uma música cativante, com riffs clássicos e extremamente grudentos, daqueles para vibrar ao vivo. Coisa que a Donzela sempre soube fazer, mesmo com lapsos de memória desde “Brave New World”. Bruce Dickinson acusa um pouco a idade e o tempo de carreira, mas continua com um feeling absurdo e cantando demais.
No dia 04 de Setembro de 2015 (um pouco antes para quem baixou o disco por vias não ortodoxas) pudemos ouvir o novo disco. Aliás, discos! Um disco duplo de estúdio, com faixas de longa duração. Muita desconfiança no ar até os primeiros acordes de If Eternity Should Fall soarem. Clara referência à cultura Maia, tanto na letra como na melodia, dão o tom do que está por vir. É impressionante como o álbum é coeso e musicalmente brilhante do começo ao fim. Do riff “Enter Sandman” de Speed of Light, passando pela introdução com influências de Deep Purple em The Red and the Black (com seus mais de 13 minutos de duração) e fechando o primeiro disco com a épica The Book of Souls, candidata a clássico instantâneo.
O segundo disco começa com a música mais “fraca” da obra. Death or Glory é boa, mas sem nada “demais”. Acompanhada de tantas faixas marcantes, uma música somente “boa” acaba se apequenando e é exatamente esse o caso. Shadows of The Valley, que apesar da introdução parecidíssima não é uma nova “Wasted Years”, traz novamente a obra pro eixo, com um refrão excelente (o melhor de todos, na minha opinião) e uma melodia bastante cativante.
A emoção toma conta de Tears of a Clown, onde Bruce mais uma vez esbanja feeling e técnica. Música que tem tudo para ser um grande hit ao vivo. Chegando ao fim da obra, temos em The Man of Sorrow. Uma preparação para uma das melhores músicas já compostas pelo Iron Maiden.
Empire of The Clouds é uma obra de arte do começo ao fim. O piano lindíssimo no começo. A bela letra. E Bruce numa das melhores linhas vocais dos últimos 20 anos de carreira da banda. São 18 minutos e 2 segundos de maestria, numa música que é uma história com começo, meio e fim, contada de forma primorosa. Cresce e se retrai na hora certa, começa e é finalizada de forma perfeita. Fantástica, pra dizer o mínimo.
Resumo final
The Book of Souls é uma obra prima. Como profundo conhecedor da discografia da banda afirmo, sem medo algum, que é um dos melhores discos da carreira do Maiden. Rivaliza de igual pra igual com grandes clássicos da banda da década de 80. Um disco que já nasceu épico e é fortíssimo candidato a melhor disco de Heavy Metal do ano. A Donzela voltou mais forte que nunca.
Para quem não assistiu ainda, segue o clipe de “Speed of Light”
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- Música
- 11 de setembro de 2015