O ano é 1987. O hard rock está no seu auge. Bandas de glam rock surgem como formigas, uma atrás das outras. A qualidade, muitas vezes duvidosa, não impede que elas tenham sucesso mesmo que momentaneamente. Maquiagem, glitter, cabelos cheios de laquê e muitas, muitas mulheres em volta. No meio de tudo isso, surgem os caras do Guns’n Roses. Com visual e atitude punk, iam de encontro a tudo que fazia sucesso na época.
Lembro da primeira vez que ouvi os caras de Los Angeles. Foi no álbum Apetite for Destruction. O som era pesado, perturbador, uma verdadeira porrada. Rapidamente alcançou o topo das paradas, sendo o primeiro disco de estréia de uma banda de hard rock que conseguiu tal feito. Além disso, foi o disco de estréia de uma banda de rock que mais vendeu na história. Músicas como Welcome to the jungle, Paradise City e a clássica Sweet Child o’ Mine marcaram não só a mim, mas toda a minha geração.
Era um excelente álbum, daqueles que não se pula uma música sequer. Coeso, preciso em sua execução e com um “desleixo proposital” que fazia (e ainda faz) um bem danado aos ouvidos. Axl Rose, o líder, mentor e principal compositor dos caras de Los Angeles, não era um vocalista melhor do que seus contemporâneos, pelo contrário. Sua voz esganiçada, seus berros agudíssimos e suas desafinadas compunham todo o visual e estilo da banda, deixando tudo (pasmem) ainda melhor.
Recentemente…
Agora, o ano é 2014. O Guns anuncia uma turnê pelo Brasil. A banda conta somente com Axl Rose como membro presente desde a formação original. Visto as últimas apresentações da banda (as quais assisti duas), não espero nada dessa turnê. Aliás, espero sim. Espero uma caricatura da banda que simplesmente arrebatou o mundo inteiro entre 1987 e 1993. 6 anos de pura destruição, com shows memoráveis, como o realizado no Rock in Rio 2. Nada daquela presença de palco e energia de outrora. Veremos um Guns’n Roses burocrático, apático, tocando de forma quase que protocolar. Um frontman que é um cover muito mal feito dele mesmo. Constantes erros no andamento das músicas, atrasos gigantescos (normalmente de horas) pro começo dos shows, uma antipatia sem precedentes e um estrelismo que em nada condiz com a forma decadente na qual se encontra.
Espero como fã e amante do bom, velho e tão maltratado rock’n roll que eu queime a língua, para alegria minha e de todos os gunners, como são chamados os mais fanáticos adoradores dos caras de Los Angeles. Se bem que, dos caras só restou um, e ele parece não estar nem ai pro que você e eu achamos.
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- Música
- 24 de fevereiro de 2014