A pauta do feminismo está cada vez mais em voga. Não deveria existir época para uma luta que busca igualdades, mas sim, está na “moda”. Dentre centenas de produtos oportunistas sobre o assunto, é possível salvar um ou outro. Ou, em raríssimos casos, bater palmas para algo realmente digno de nota.
Em “Eu Não Sou um Homem Fácil”, a Netflix nos traz uma produção francesa que acerta em cheio na crítica, com todos os clichês e sutilezas que são possíveis, sem deixar de lado todas as maravilhosas particularidades do cinema francês.
“Um machista inveterado prova de seu próprio veneno ao acordar em um mundo dominado por mulheres, onde entra em conflito com uma poderosa escritora.”
Um sutil e poderoso tapa na cara de todo homem
Apesar da sinopse bem simplória feita pela Netflix, o filme não caminha tanto para esse lado. Digo tanto porque o roteiro, de certa forma, é na verdade bem simples. Mas o encaixe dele com a mensagem proposta é o grande diferencial. Aqui, a opção não foi aprofundar nas várias camadas sociais e históricas do machismo presente na sociedade. É clara a opção por mostrar os maiores clichês do tema, mas jogados de forma bastante forte na cara de todo homem que assiste.
Ao fazer um “upside down” da sociedade, a diretora e roteirista Éléonore Pourriat traz todo o exagero e escracho que um tapa na cara pede. É quase como se desenhasse para quem não entende (ou finge não entender) os problemas sociais ligados ao tema. Muitos destes enraizados numa espécie de inconsciente coletivo masculino.
Li muitas críticas (normalmente escritas nos comentários de artigos relacionados ao filme) tratando o longa como exageradamente raso. E aí vejo o quanto ainda falta para as pessoas entenderem a real mensagem que um filme quer passar. Todo o “exagero” no longa é nitidamente proposital. Fica claríssimo que Éléonore quer mostrar até de forma cômica as bizarrices pelas quais as mulheres passam no dia dia. O intuito é justamente atentar até para a parte mais rasa da discussão, que é o básico do movimento. Duvido que exista algum homem (eu incluso) que assistiu o filme e não se identificou com algumas atitudes do protagonista. E o pior: depois de ver tudo invertido, não se envergonhou de já ter praticado aquilo. E é justamente esse sentimento que o filme quer causar.
O que achamos de “Eu Não Sou Um Homem Fácil”?
O filme traz uma importantíssima mensagem de forma forte e propositalmente superficial. O intuito não é se aprofundar no assunto mas sim fazer o homem enxergar o básico do sexismo. Deveria ser item básico na criação de todo sujeito do sexo masculino que se auto intitula homem.
O claro retrato do homem hétero que trata o movimento feminista de forma debochada sendo posto a prova, fazendo-o sentir de volta tudo que ele causa, todo o trauma e abalo psicológico é um grande омг омг aprendizado para quem quer melhorar como pessoa. E o filme consegue trazer isso com tons de humor, sarcasmo e em bom ritmo.
E se você homem hétero que viu e achou tudo muito “exagerado” no filme, há uma gigantesca chance de você ser tão babaca quanto o protagonista. Mas não se desespere: até ele conseguiu entender e melhorar.
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- Cinema & TV, Críticas
- 7 de junho de 2018