(A foto em destaque é uma das imagens mais icônicas da história da música, feita em 1969 em uma apresentação na prisão de San Quentin. Chateado com o fotógrafo que lhe perseguia Johnny Cash mostrou seu dedo, enquanto dizia com raiva “fuck you”.
Existe uma anedota por trás dela. Alguns anos depois, em 1998, Cash tinha acabado de ganhar um Grammy por sua primeira gravação pela American Recordings. Antes disso, como o disco não tinha sido bem aceito pelo código rigoroso da indústria de música Country do país, as rádios chegaram a zombar dele. Um dia após a cerimônia de premiação, a foto apareceu em um anúncio de página inteira da Revista Billboard. Com a seguinte frase: A American Recordings e Johnny Cash gostariam de reconhecer o apoio e poder musical de Nashville e rádios do país.)
John R. Cash, mais conhecido como Johnny Cash (ou conhecido por seus fãs como “O Homem de Preto”), nascido em 26 de fevereiro de 1932, em Kingsland, Arkansas e falecido em 12 de setembro de 2003 em Nashville, foi um dos sete filhos de Ray e Carrie Rivers Cash, donos de uma fazenda de algodão.
A música era parte integrante da vida cotidiana da família Cash. Johnny absorveu uma variedade de influências musicais que vão desde canções e hinos populares cantados por sua mãe até canções do campo e pátios ferroviários que ficavam próximos. Nos anos posteriores, Cash deixaria sua vida em Arkansas em busca de inspiração: “Pickin’ Time,” “Five Feet High and Rising” e “Look at Them Beans” são reflexões de sua infância.
Após sua formatura no ensino médio em 1950, Cash foi em busca de trabalho no Norte do país, que durou pouco e logo se alistou na Força Aérea americana. Após o treinamento básico no Texas, onde conheceu sua primeira esposa, Vivian Liberto, foi enviado para Landsberg, Alemanha. Cash montou sua primeira banda, o Landsberg Barbarians.
Após sua dispensa em 1954, retornou aos EUA e fez um teste como artista solo para Sam Phillips da Sun Records, mas foi vetado. Na primavera seguinte, porém, Cash estava no Sun Studios gravando com sua banda, The Tennessee Three. Seu primeiro single, “Hey Porter” não atingiu o sucesso.
Com perseverança, “Cry, Cry, Cry” conseguiu chegar em 14º no Billboard Top 20. Então se iniciou uma longa lista de singles de sucesso. “So Doggone Lonesome” and “Folsom Prison Blues” chegaram ao Top 10.
Mas foi o quarto single de Cash que provou ser a canção da carreira. “I Walk the Line” atingiu o topo das paradas por incríveis 43 semanas, vendendo mais de 2 milhões de cópias.
Em 1956, ele realizou um sonho quando foi convidado para se apresentar no Grand Ole Opry. Até 1960, já colecionava uma sequência impressionante de sucessos.
Mas nem tudo estava bem. Seu casamento desmoronando, divórcio inevitável, sua agenda cansativa (que chegou a 300 shows por ano) deixaram Cash fora de controle. O cantor tornou-se dependente de drogas para acompanhar o ritmo frenético. Em meados de 1960, sua dependência já impactava em sua carreira.
Em 1967, porém, Cash conseguiu superar seu vício com a ajuda de sua parceira de palco (e futura esposa) June Carter e também sua família. Johnny e June se casaram em 1968 e sua carreira experimentou o renascimento. Durante o resto da década e em 1970, ele chegou ao topo, com inúmeras aparições e prêmios. Foi nessa época que Cash produziu duas (incríveis) gravações ao vivo em Folsom Prison e San Quentin.
Em 1969, veio a recompensa. The Johnny Cash Show foi ao ar pelo canal ABC. Gravado em Ryman Auditorium em Nashville, o show contou com uma mistura eclética de convidados que foram desde Bob Dylan e Neil Young até Louis Armstrong e Merle Haggard. Cash, com ajuda de seus convidados, ajudou a quebrar barreiras musicais, além de discutir e elevar a consciência coletiva do país sobre questões sociais da época, como a situação dos nativos americanos, a reforma das prisões e do conflito no Vietnã. O show durou dois anos.
Em 1980, aos 48 anos, Johnny Cash se tornou o mais jovem homenageado no Country Music Hall of Fame. Em 1995 foi homenageado no Rock and Roll Hall of Fame tornando-se um dos poucos artistas no Hall da Fama das duas organizações.
Em 1985, Cash se juntou aos amigos Willie Nelson, Waylon Jennings e Kris Kristofferson para formar o The Highwaymen. O super grupo lançou três álbuns entre 1985 e 1995. E atingiram o topo das paradas com o single Highwayman do primeiro álbum, The Highwaymen.
Lutando contra sérios problemas de saúde no final da década de 1990, Cash encontrou seu renascimento ao assinar com a gravadora de Rick Rubin,American Recordings. Seu primeiro álbum com o selo, lançado em 1994, ganhou um Grammy de melhor álbum de folk contemporâneo. Seu próximo álbum, Unchained, ganhou o Grammy de melhor álbum de country em 1997. Em 2000, seu álbum American III: Solitary Man ganhou o Grammy de melhor performance vocal masculina country em 2001.
Em 2002, lançou American IV: The Man Comes Around que incluía um cover de Hurt do Nine Inch Nails. Cash ganhou três prêmios CMA em 2003 e o vídeo de Hurt recebeu um prêmio da MTV e um Grammy.
Depois de perder sua esposa June Carter Cash de forma inesperada em maio de 2003, Cash faleceu de complicações da diabetes, em 12 de setembro de 2003 em Nashville, Tennessee.
Cash continua sendo um dos únicos artistas a vender mais de 90 milhões de cópias.
Uma compilação intitulada The Legend of Johnny Cash foi lançada em 2005 e vendeu mais de 2 milhões de cópias. No ano seguinte, Lost Highway lançou outra de suas gravações, American V: A Hundred Highways, com algumas de suas últimas sessões com Rubin.
Cash no Cinema
Em 2005, uma versão cinematográfica de seu romance com June Carter, intitulado Walk the Line (no Brasil, Johnny & June), foi indicado ao Oscar de Melhor Filme. O filme mostra Cash (atuação brilhante de Joaquin Phoenix) desde a sua juventude em uma fazenda de algodão até o início do sucesso em Memphis, onde gravou com Elvis Presley, Johnny Lee Lewis e Carl Perkins. No caminho da autodestruição, após o grande sucesso, June Carter (Reese Whiterspoon), o grande amor de sua vida, se torna a única pessoa que pode salvá-lo.
Destaque para a trilha sonora: Walk the Line ganhou o Grammy de Melhor Trilha Sonora e contou com a performance (sensacional) do elenco, sendo 9 músicas cantadas por Phoenix e 4 Witherspoon.
O filme ganhou o Globo de Ouro de Melhor Fotografia. Phoenix ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator e foi indicado ao Oscar. Reese Witherspoon ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz, além do Oscar (2006) de Melhor Atriz.
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- Música
- 26 de fevereiro de 2014