Em 2009, o diretor J. J. Abrams nos mostrou que é possível revitalizar uma franquia, respeitando o que já foi feito anteriormente e, claro, os fãs. Mesmo que alguns deles tenham ficado indignados com mudanças, Star Trek ficou marcado como uma homenagem ao original. Tem seus problemas, é óbvio, mas temos que dar valor ao fato de não ser uma refilmagem e nem um reboot da série. Em 2013, Star Trek: Além da Escuridão, distante de ser inovador como o filme de 2009, não deixou de ser divertido, mas seguiu a nova fórmula da série: menos “blá blá blá” e mais ação.
Sinopse
O terceiro filme da série, Star Trek: Sem Fronteiras, chegou aos cinemas esta semana, dirigido por Justin Lin (Velozes e Furiosos). Desta vez, Kirk (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto) e a tripulação da Enterprise encontram-se no terceiro ano da missão de exploração do espaço prevista para durar cinco anos. Eles recebem um pedido de socorro que acaba os ligando ao maléfico vilão Krall (Idris Elba), um insurgente anti-Frota Estelar interessado em um objeto de posse do líder da nave. A Enterprise é atacada, e eles acabam em um planeta desconhecido.
Sem tempo para desânimo
O filme se inicia de uma forma nostálgica, o que para mim é um grande ponto a favor. Após a sequência inicial, junto com a excelente trilha sonora do filme, vemos um “diário de bordo” de Kirk explicando como três anos de missão transformaram a Enterprise, principalmente na relações interpessoais da tripulação. Ao mesmo tempo, vemos um dos “motes” principais do filme: o desânimo de Kirk e Spock com suas carreiras e futuro. Os dois ficam abalados por acontecimentos e confusões internas.
Obviamente, eles não tem tempo de se estabilizarem ou decidirem o que fazer. A Enterprise, após o pedido de socorro, parte em uma nova missão. Em uma sequência de ação primorosa, a nave é atacada. A tripulação precisa “abandonar o barco” e acabam em um planeta desconhecido.
Inclusive o filme, diferente dos anteriores, se passa praticamente em terra firme, dando mais foco à relação entre os personagens. Isso fica muito claro quando, ao abandonar a Enterprise, o núcleo principal acaba sendo dividido em duplas. Kirk anda lado a lado com Chekov (Anton Yelchin), enquanto Spock se junta ao Dr. McCoy (Karl Urban). Aqui, o bromance entre Kirk e Spock acaba sendo momentaneamente desfeita, mas abre a possibilidade de divertidas cenas entre o orelhudo e Dr. McCoy, até porque os dois se provocam o tempo inteiro por conta da química totalmente reversa deles. E claro, temos a presença do ator Simon Pegg (o irônico e sarcástico Scotty), fazendo dupla com a guerreira Jaylah (Sofia Boutella).
O vilão Krall é um ponto forte do filme: As suas motivações para os atos contra a Frota Estelar é explicada apenas no final do filme e os detalhes, que a princípio poderiam passar despercebidos, acabam se ligando nessa explicação.
Ação e humor na medida certa, mas…
Uma das minhas preocupações com o anúncio de Lin como novo diretor foi o possível exagero nas cenas de ação. Claro, a nova fórmula “menos conversa e mais ação” da série está na grande tela, mas sem exagero e se mantem dentro do que os filmes anteriores fizeram. Mas (sempre tem um mas), por conta dessa ação contínua, tudo é muito superficial, inclusive a personalidade da tripulação. Com isso, Star Trek tornou-se um ótimo filme de ação, mas descaracterizado, com poucas referências ao que tornou a franquia em símbolo cult e referência pop. Até vemos o tripé clássico (Kirk, Spock e Dr. McCoy) que sustentava a série, mas muito raso.
Não posso deixar de mencionar algumas homenagens. Sulu (John Cho) é revelado gay de forma natural e sem alarde. Uma homenagem ao ator George Takei, que viveu o papel nos cinemas. Temos a despedida de Anton Yelchin, o promissor ator que faleceu em junho deste ano em um trágico acidente. Seu personagem foi muito valorizado, sendo companheiro de Kirk ao longo do filme. E por fim, e não menos importante, Leonard Nimoy, falecido em 2015, homenageado na figura do Embaixador Spock.
Para finalizar, o “Sem Fronteiras” do título se refere ao que humanidade pode sofrer e continuar lutando e também ao que a série pode fazer em um futuro próximo.
Mesmo com problemas, vale muito a pena assistir Star Trek: Sem Fronteiras no cinema! Vida longa e próspera!
- 0 Comentários
- Cinema & TV, Críticas
- 3 de setembro de 2016