Errar é humano, certo? E errar quatro vezes? Após o ‘trash’ Quarteto Fantástico (1994) – que nem foi lançado oficialmente – e os medíocres Quarteto Fantástico (2005) e Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (2007), chega aos cinemas o reboot da série, dirigido por Josh Trank, produzido pela Fox e estrelado por Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan e Jamie Bell fazendo os papeis principais do filme como Reed Richards/Sr. Fantástico, Sue Storm/Mulher Invisível, Johnny Storm/Tocha Humana e o Ben Grimm/Coisa. Toby Kebbell (Viktor Von Doom/Dr. Destino) e Reg E. Cathey (Dr. Storm) completam o elenco principal.
O filme se baseia no conceito da versão dos quadrinhos Ultimate, onde uma das principais alterações é a transformação da equipe que ocorre em um universo paralelo, e não no espaço como no original. Vemos o jovem Reed Richards, uma das mentes mais brilhantes desde garoto, enfrentando um mundo que não está pronto para a sua genialidade: seus amigos, professores e pais não o compreendem. A única pessoa que “entende” e acaba se tornando seu grande amigo, é Ben Grimm.
Um dia, Reed mostra para Ben sua última invenção, um teleportador para um universo alternativo, que acaba com a energia da cidade. Alguns anos depois, Reed e Ben participam de uma feira de ciências, mostrando uma versão nova do teleportador (ainda que faltasse algo). Dr. Storm, um grande cientista, se interessa por sua apresentação e convida Reed para participar de um projeto parecido. Se juntando aos filhos de Dr. Storm, Sue e Johnny e outro gênio (mas desorientado), Viktor Von Doom, Reed consegue finalizar seu tão desejado projeto. Mas ao testar a máquina e se teleportarem para o outro universo, algo dá errado e suas formas físicas são alteradas. Com suas vidas irrevogavelmente abaladas, eles precisam aprender a aproveitar as suas novas habilidades e trabalhar juntos para salvar a Terra de um antigo amigo transformado em inimigo.
O início do filme não é ruim, mas vai se perdendo com o enredo raso. Tudo acontece muito rápido, e em algumas vezes sem explicação. A amizade entre Reed e Ben é mostrada de forma tão rápida que você não entende o porque dessa aproximação dos dois e nem porque eles continuam grandes amigos durante quase 10 anos. Outra coisa difícil de entender é Viktor Von Doom. Ele só participa do projeto por conta do seu interesse por Sue, mas seu lado vilão não tem motivação nenhuma.
Ele simplesmente é um vilão vazio. Ponto. Sem contar que sua caracterização é lamentável. Outra coisa que incomoda muito é a relação entre Sue e seu irmão rebelde, Johnny. Eles não tem quase aproximação nenhuma, diferente dos quadrinhos. Eles mal conversam! E olha que a mudança de etnia da família Storm e o fato de Sue ser adotada nem incomoda, perto dos problemas do filme.
Além do enredo raso, temos também as interpretações ruins. E olha que o elenco não é fraco (por exemplo, Miles Teller foi o protagonista do premiado Whiplash). Mas algo parece errado ali. Nem mesmo o Coisa consegue salvar alguma coisa (hã? hã?). Achei o personagem melhor que as versões anteriores, mas pouquíssimo explorado (ele deu apenas UM soco no vilão!). O próprio diretor Josh Trank (que tem em seu currículo o filme Poder Sem Limites, e apesar de muitos acharem um grande filme, eu já acho mediano) deixou claro que a versão final não foi a que ele queria no Twitter.
Quarteto Fantástico pode ser considerado um (fraco) filme de ficção científica, ao invés de super-heróis. Vemos poucas vezes os poderes da equipe, sem contar o inexplicável imenso poder do vilão. Aliás, chega a ser infantil a forma que a equipe lida com seu futuro arqui-inimigo. A sensação é que o filme sofreu o mesmo problema do primeiro*, só que dessa vez, tivemos a infeliz oportunidade de assistir na grande tela.
Conclusão
Enfim, esse reboot só não fica no topo da minha lista de piores filmes de super-heróis porque existe Homem de Ferro 3… E Fox, já pode passar os direitos de Quarteto Fantástico para a Marvel Studios.
*Ao que parece, a história de Quarteto Fantástico (1994) é a seguinte: uma produtora havia comprado os direitos do filme, mas demorou a produzi-lo. Se o prazo expirasse, eles teriam de pagar uma multa contratual para a Marvel. Para escapar dessa, decidiram fazer o filme com orçamento baixíssimo. O filme foi feito e a Marvel teve o bom senso de vetar o lançamento. Mas claro, você pode achar o filme disponível na internet (Youtube… cof… cof…).
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- Cinema & TV, Críticas
- 7 de agosto de 2015