Era uma vez um lutador chamado THQ, cuja principal característica era a ousadia. Ele se destacou no UFC por ser um cara que soube enxergar as tendências do mundo do MMA ao presentear o mundo com o jogo UFC 2009 Undisputed. Graças à sua ousadia, ele conquistou diversos fãs e, em 2010, chegou ao auge com UFC 2010 Undisputed: o cinturão estava em boas mãos.
No ano de 2011 ele passou em branco, para a estranheza dos fãs.
Em 2012, veio uma nova “luta”, e THQ já dava sinais de cansaço. UFC Undisputed 3 não repetiu o sucesso dos anteriores e o resultado foi um previsível (e já sabido) chute no queixo, desferido pela EA Sports, lutador bem mais tarimbado em outras modalidades esportivas. Em 2014 a EA entrou no octógono para defender seu cinturão. Será que o novo game do UFC vai conseguir manter a EA no topo?
Apelão, como Jon Jones
Bem, se é pra ganhar, vamos apelar né? Se Jon Jones faz isso abrindo verdadeiros penhascos na testa dos oponentes com suas afiadas cotoveladas, EA Sports UFC já chega logo na voadora (literalmente): Sim, você pode jogar com o maior lutador de todos os tempos e lenda das artes marciais, Bruce Lee. Se você quiser Royce Gracie, ele também pode ser adquirido via DLC. Além disso, o jogo é bem competente quando o assunto é gráficos. A modelagem dos lutadores e personagens em alguns casos beira a perfeição – Bruce Buffer é um exemplo.
O jogo também apela em fazer de Dana White uma figura unipresente em diversas situações do game. Desistiu do treinamento? Leva bronca do chefe. Foi bem em uma luta? Lá está Dana White para lhe rasgar elogios. Se deu mal? O chefe te dá aquela força pra continuar. Perdeu uma luta, mas teve um bom desempenho? Dana está lá para lhe assegurar que seu contrato continua.
Falando em treinamento, é importante dizer que o jogo começa com um tutorial que ensina o básico do jogo. É praticamente impossível fazer qualquer coisa sem estudar e se adaptar aos controles que parecem muito complexos no começo, mas que funcionam de maneira bastante lógica com o passar do tempo.
Carreira sólida e discurso demais, como Vitor Belfort
Resolvi iniciar o modo carreira homenageando meu amigo Daniel “Don” Bononi, grande admirador das artes marciais e aficionado por técnicas de solo e Jiu Jitsu.
Para isso, a primeira coisa a ser feita é a criação do personagem. Existe a opção de baixar o Game Face, recurso presente na maioria dos jogos de esportes da EA, ou fazer o “boneco” na raça. As opções, nesse caso, são bem limitadas. Você tem alguns tipos de rosto, de cabelo e não muito mais do que isso. Nesse ponto, os games da THQ permitiam uma liberdade muito maior de criação. Felizmente, no caso do meu amigo Bononi, a tarefa apresentou resultados bastante satisfatórios, graças às características nada ortodoxas do modelo original. Personagem criado, vamos ao que interessa!
A modalidade começa com um convite de Dana White (via conferencia de vídeo, mais uma vez) para que você dispute as seletivas do “The Ultimate Fighter”, o reality show do UFC. No caso de vitória, você vai pra dentro da casa do TUF e inicia sua jornada rumo ao cinturão.
Um pouco entediante
Tudo é muito bacana e bem apresentado, mas eis que a parte entediante (como os discursos de Belfort) dá as caras: os treinamentos para ganho de habilidade são muito fáceis e nada desafiadores. Um clinche aqui, uma finalização ali e você evolui de forma monstruosa. Vem uma luta, e a sequência de treinos muda e continua nada desafiadora. Depois de umas três ou quatro lutas, você já está repetindo tudo de novo e absolutamente sem desafio algum. Muito raramente se aprende algo que já não foi ensinado no tutorial. Por outro lado, quando acontece, é bastante gratificante.
Vez por outra, algum lutador importante também te manda mensagens de vídeo, a exemplo de Dana White. Jon Jones e Urijah Faber são os que mais aparecem. As vezes, Uriah Hall. Dia desses, Dan Henderson foi treinar comigo (ou melhor, com o Don). Essa “imersão” é um ponto bastante positivo do modo carreira. Infelizmente, ainda não apareceu nenhum brasileiro pra me dar conselho.
Avancei bastante no modo carreira e meu lutador ganhou o TUF e já disputa o Card Principal do UFC, tendo em seu cartel apenas uma derrota. A dificuldade começa a ficar baixa e estou pensando seriamente em começar um novo modo carreira, com dificuldade mais alta. Quem deve ser o próximo amigo a ser homenageado? Saulo Martins ou Jonathan Miranda?
Técnica afiada e excesso de confiança, como Anderson Silva
O jogo evoluiu bastante nas técnicas de solo. Consegui me identificar positivamente com o Jiu Jitsu no jogo e tudo funciona com certa coerência: raspagens e passagem de guarda, sistema de finalização. Você pode adotar uma estratégia e buscá-la na luta de solo. Eu mesmo repeti no jogo o que gostava de fazer na época em que tinha vergonha na cara e praticava Jiu-Jitsu. Tudo funciona direitinho e parece ter sido criado com bastante supervisão técnica. Na luta em pé, tudo o que funcionava em Fight Night continua funcionando em EA Sports UFC, de modo que temos aqui um produto bastante competente nesse quesito.
O modo online funciona muito bem, o que em termos de EA não é novidade. Todo o aparato e estruturas da EA estão ao nosso dispor para as jogatinas via internet.
Infelizmente, nem tudo são flores: além dos treinamentos tediosos e repetitivos supracitados, ainda temos algumas pequenas falhas nas animações. Repare, por exemplo, quando seu lutador vem para uma luta do TUF. Todos os seus colegas de time fazem o mesmo movimento. Isso é meio ridículo para um jogo da geração atual. Alguns modelos são anatomicamente desproporcionais: Chael Sonnen é um exemplo, ele é todo esquisito, parece que teve um derrame facial e uma trombose nos ombros. Outra coisa que me desagradou muito foi o fato de não poder mudar o idioma da narração para inglês. O narrador brasileiro (no jogo) é muito fraquinho.
Pitaco Final
A EA entrega um produto competente em se tratando de uma primeira investida em games de MMA. Os gráficos excelentes e o nível de imersão e participação de grandes nomes do UFC ajudam a elevar o nível de imersão do jogo. O modo carreira diverte bastante. Infelizmente, o título sofre com treinamentos repetitivos e nada desafiadores e também com alguns erros de animação bastante infantis para a geração atual. Me desagradou não poder mudar o idioma dos comentários.
Mesmo assim, a compra vale para você que tem um PS4 ou Xbox One, afinal de contas, é a chance de experimentar um jogo que explora bastante o potencial gráfico do console e foi pensado exclusivamente para a nova geração.
Stormplay
O Stormplay logo logo estará de volta e o primeiro jogo da lista é o EA Sports UFC. Vamos gravar algumas lutas enquanto analisamos alguns pontos do jogo. Aguardem!